domingo, outubro 24, 2004

Em 30 anos

Minha geração assistiu a mudanças de métodos e tecnologia que parecem inacreditáveis vistos de hoje.

Numa conversa casual contei para minha filha que estuda Engenharia Eletrônica, que eu usei Régua de Cálculo e Manual do Engenheiro nos dois primeiros anos de Engenharia. Como assim régua de cálculo? Quando expliquei ela teve uma crise riso. Eu justifiquei dizendo que o homem foi a Lua apoiado no trabalho de engenheiros que também usavam régua de cálculo. Ela não conseguia acreditar.



Em 1972 eu trabalhava na Caixa Econômica Federal e meu serviço era ajudar a lançar o movimento diário na ficha dos correntistas.

O lançamento era feito numa máquina Audit da Olivetti, que possuía duas memórias mecânicas e somava as colunas do débito e do crédito separadamente, atualizando os saldos nas fichas dos correntistas com segurança e rapidez.

No final do dia somávamos os cheques, as retiradas e os depósitos em calculadoras também mecânicas para conferir o fechamento do movimento. No final do serviço meu braço doía pois essas máquinas eram todas movidas por pequenas manivelas laterais, mas era um trabalho muito conveniente pois era feito no final do dia e a noite o que me permitia ir para a faculdade na parte da manhã.



Nessa mesma época iniciamos a implantação de um sistema informatizado de processamento da conta corrente. Foram meses e meses para passar as informações das fichas amarelas para o novo sistema. Nessa mesma época eu estudava Fortran na faculdade e estava bastante familiarizada com os segredos dos cartões perfurados e dos relatórios de critica emitidos pelo computador mais moderno da época, o IBM370.

O novo sistema emitia uns papeizinhos que eram chamados de slips e que continham os lançamentos do dia anterior já processados. Como a Agência só recebia uma cópia do relatório, os caixas consultavam os saldos nos slips que ficavam num plástico organizado em ordem alfabética. O problema é que os slips vinham em ordem de conta corrente. Era preciso, todos os dias, colocá-los em ordem alfabética para serem consultados no dia seguinte. Durante o dia todos os lançamentos eram feitos á mão.

Em 1976, já morando em Porto Alegre fui trabalhar na compensação de cheques, onde os cheques em organizados pelo código das agências. Na sala havia grandes escaninhos de madeira com pequenos nichos e rotulados com o código da agência. Nosso trabalho era separar e somar os lotes de cheques em calculadoras elétricas da Burroughs, moderníssimas.



Qualquer problema mais urgente era comunicado às Agências usando outro equipamento também moderníssimo, o telex, uma espécie de telegrafo movido a fita perfurada e que era capaz de transmitir uma mensagem através da Embratel para outros aparelhos de telex em tempo real. O barulhinho do telex me ressoa nos ouvidos ainda hoje, tantas vezes o ouvi.

Parece muito arcaico visto de hoje? Pois isso aconteceu há menos de 30 anos.

Eu mesma as vezes fico surpresa de pensar que nossa geração usou o cartão perfurado e hoje convive com o Palm Top e a Internet.

Muito pouco tempo para uma revolução gigantesca.

4 comentários:

Antonio Cruvinel disse...

O céu é já não é o limite....

Há poucos dias comentava que minhas gerações posteriores rirão quando contar que trabalhei é um micro com 1G de memória RAM. A Humanidade experimentou uma evolução vertiginosa no ultimo século. O legal é termos uma postura assim, aberta as novas soluções. Não temer o novo, contribuirmos de forma responsável, é a forma de melhorarmos a nos mesmos e o mundo que vivemos.

Christiane Pock disse...

Revoluções...
Realmente é espantoso o tanto que a tecnologia vem se transformando e nos transformando também. Na época que fazia escola técnica "em 90" computadores era para poucos, hoje está ao alcance de quase todos... e o interessante é que em praticamente todos lugares que você vai tem acesso a internet: bares, aeroporto, laboratórios, isto quando não, há até um terminal para você ter acesso as suas informações.
Relamente é surpreendente todas estas mudanças.

Anônimo disse...

Ainda bem que todos teremos uma dia coisas p/ contar sobre o nosso tempo. Mas me pergunto o que nossos netos ouvirão dos filhos deles em matéria de novidades. Fico curiosíssima. Quando digito e apago as palavras erradas com apenas um breve toque, lembro como era díficil apagar textos feitos nas Olivetis da vida com até tres folhas de carbono.
Credo ! Não quero nem lembrar ! ! !

Unknown disse...

Muito interessante este post. Creio que nós que andamos pelos 50 somos privilegiados por ter vivido esta gigantesca transformação tecnológica e de costumes