terça-feira, novembro 18, 2003

Minha Menina

Minha menina vai se casar...

Assim, no meio da tarde, no meio do serviço, fico sabendo que meu bebê de 24 anos vai se casar. O anúncio feito por telefone tinha um tom emocionado na voz. Um tom trêmulo indicava forte emoção, dela e nossa.

É claro que esperávamos por isso há algum tempo.

Completamente apaixonada, ela achou a alma gêmea e está feliz como nunca.

O casamento foi decidido esta semana e será ainda em dezembro. Porque essa correria? Além de estarem absolutamente enamorados, meu futuro genro terá que mudar para o Texas no inicio do ano. Assim, decidiram casar logo e irem juntos.

Mas por mais que eu pense nisso, ainda estou sem acreditar: minha menina vai se casar e vai continuar morando nos Estados Unidos. Daqui a pouco assumirá as responsabilidades de esposa.

Há cinco anos atrás, quando a levamos para fazer o teste para a Universidade da Carolina do Sul, era ainda uma garotinha assustada com o fato de viver sozinha em outro país e ao mesmo tempo realizando o seu grande sonho. Dez dias depois ligava em prantos, querendo voltar e desistir de tudo. Na época eu disse a ela que se ela voltasse sem nem tentar superar as primeiras barreiras, ela passaria o resto da vida imaginando como teria sido se ela tivesse ficado...

E ficou. Para nós era o desafio de nos ver vermos só uma vez por ano. Por outro lado o Natal e o final de ano passaram a ter outro brilho: todos contando os dias para sua chegada.

Do aeroporto vamos sempre para a confeitaria para ela matar a vontade de comer empadinha, quibe e guaraná. Depois uma churrascaria. A irmã mais nova ri dessa agonia para comer tudo no primeiro dia, talvez por não compreender que não se trata só de comer, mas de sentir de perto um mundo de conexões com o lugar, as pessoas, os hábitos, os cheiros.

Agora estamos diante de um fato concreto que nos indica com todas as letras que nossa menina cresceu, e nos seus esplêndidos 24 anos, está adulta e vai se casar. A razão nos diz que isso é excelente, o namorado é uma pessoa excepcional, estão muitissimo apaixonados e têm tudo para serem muito felizes.

É claro que estamos contentes com tudo isso. Com a felicidade dela, que se descreve como caminhando em nuvens, numa taxa de felicidade inimaginável. Com a surpresa da irmã, que já está pensando na viagem para a Pensylvania, no vestido de dama de honra e em um arsenal de outros detalhes. Mas eu não consigo ainda pensar em nada prático, mesmo com um milhão de providências a tomar em 30 dias. Só consigo pensar nisso: minha menina vai se casar...

E algo dói um pouco e não sei porquê.




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