sábado, agosto 16, 2003

Da solidão

Nesta cidade do Rio
De dois milhões de habitantes
Estou sozinho no quarto
Estou sozinho na América.
...
De dois milhões de habitantes!
E nem precisava tanto...
Precisava de um amigo,
Desses calados, distantes,
Que lêem verso de Horácio
Mas secretamente influem
Na vida, no amor, na carne.
Estou só, não tenho amigo,
E a essa hora tardia
Como procurar amigo?
A BRUXA de Carlos Drummond de Andrade

Se eu amo o meu semelhante?
Sim. Mas onde encontrar o meu semelhante?
EXAME DE CONSCIÊNCIA de Mário Quintana


Este poemas te dizem algo?

A pergunta de Drummond e Quintana é a mesma: Como procurar amigo? Onde encontrar meu semelhante?

O tema é comum e angustia populações independente de idade, estado civil e classe social. E a solidão do ser humano nesses tempos tão urbanos se apresenta na sua pior forma: a solidão acompanhada, aquela da qual fala Drummond, ou a solidão interior, que se acentua na medida da consciência de que as pessoas á sua volta não são próximas o suficiente.

Esse sentimento é fruto da ausência de comunicação, de interação, de troca e cava túneis na alma. É o fermento que faz crescer o sentimento de abandono, de desistência, de absoluta carência. O lado bom é que pode ser varrido em segundos por um sorriso, uma palavra, um carinho. E o túnel se transforma em ponte.


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