terça-feira, agosto 12, 2003

De Casablanca

São 60 anos desde que o filme teve sua estréia, com estrondoso sucesso.

É mesmo um clássico, na exata definição do que deve ser filme clássico, ainda que sem 100% de consenso.

Outro dia assisti a uma discussão onde se dizia que a aura que se criou em torno do filme era indevida. Talvez seja verdade. Até porque quem argumentava era um jovem com pouco mais de 20 anos, e tendo assistido ao filme recentemente, ele argumentava não ver no filme razão para tanto auê. É um bom filme, dizia, nada mais que isso.

Como argumentar contra uma visão de quem nasceu depois do video cassete? Nós, a população que nasceu antes da invenção desse precursor do DVD, tínhamos que se nos contentar com exibições especiais, em geral em festivais de filmes ou cineclubes, de seleto público universitário, que depois do cinema se reunia para verdadeiras rodadas de discussão sobre o trabalho do diretor e a sua inspiração não explicíta ou algo que o valha...




Á época, os diretores franceses Godard, Malle e Truffaut davam as cartas seguidos de perto por Fellini e Bergman.

Ai de quem não tivesse visto e gostado de Amarcord, La nave va, La dolce vita, L´Argent de Poche, Sonata de Outono, para ficar por aí.

Eu mesma não gostei de Morangos Silvestres, e me atrevi a dizer isso. Escapei da patrulha ideológica e do linchamento cultural graças ao namorado que explicou que era só uma força de expressão, que eu gostara sim...




Mas como poderia eu, recém aprovada no vestibular, e mergulhada nas agruras do Cálculo I da Engenharia Elétrica, compreender os dramas existenciais de um velho médico, que faz um balanço de sua vida e o resultado claramente está no vermelho?

Visto de hoje, "Morangos Silvestres" é uma aula. Mas continua absolutamente hermético para menores de 20 anos.

E Casablanca? Mesmo tendo visto o filme mais de 35 anos do seu lançamento, só de olhar as fotos ainda tenho arrepios. E você?

E a cidade de Casablanca, em uma distante África, da qual me recordo principalmente por ter visitado em pleno Ramadã - em que o sacrifício do jejum imposto enquanto o sol estivesse no horizonte e a ausência de mulheres em locais públicos - foram esquecidos ante à emoção de visitar o bar, com quase a mesma aparência da foto original, que você vê abaixo.




60 anos...

E hoje, a cidade com seu mar azul e casas brancas (daí o nome) festeja os 60 anos de lançamento do filme que fez a fama de Casablanca e ajudou a movimentar um turismo já intenso.

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