quarta-feira, outubro 08, 2003

da Música Francesa

Cecília, meu bebê de 18 anos, que é também estudante de Engenharia na USP/São Carlos, esteve por aqui este final de semana e comentou sobre a beleza absoluta da música "Rive Gauche" de Alain Souchon.

E arrematou, perguntando porque não se acha discos do Souchon.

Pobre música francesa condenada ao mais absoluto ostracismo no Brasil depois do apartheid fonográfico, que definiu as regiões de domínio das grandes gravadoras.

No loteamento global, o Brasil ficou sob os auspícios da produção americana, com tudo o que isso tem de bom e de ruim. O lado bom é que qualquer loja de discos de bairro tem três ou quatro discos de John Pizzarelli, de Ella Fitzgerald e de Nina Simone.

No entanto, gerações inteiras desconhecem a existência de Francis Cabrel, Maxime Le Forestier, J. J. Goldman, Gerard Manset, Julien Clerc, Alain Souchon...

O contrário não é verdadeiro. Os franceses conhecem e adoram a música do mundo, com especial amor pela nossa. João Bosco, Chico Buarque, Djavan, Milton Nascimento são muito conhecidos por lá.

Experimente uma pesquisa no Google com respostas em francês para "Chico Buarque". São 1330 referencias. A mesma pesquisa em sites do Brasil para "Alain Souchon" traz 47 entradas, a maioria tendo como referências a embaixada francesa ou a Aliança Francesa.

Estava em um show do François Feldman no Casino de Paris, e fiquei pasma ao reconhecer a cantora que se apresentava num excepcional solo: Evinha, sim aquela linda voz do Trio Esperança de "Casaco Marrom" e "Cantiga por Luciana".

Nada a fazer contra o apartheid cultural, a não ser ouvir a Radio Nostalgie pela Internet e curtir com enorme prazer a voz de Francoise Hardy ou de Nicolas Peyrac.


Nenhum comentário: